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sábado, 21 de janeiro de 2012


NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO
(História do Ícone)
Na ilha de Creta havia um quadro da Virgem Maria muito venerado devido aos estupendos milagres que operava. Certo dia, porém, um rico negociante, pensando no bom preço que poderia obter por ele, roubou-o e levou-o para Roma. Durante a travessia do Mediterrâneo, o navio que transportava a preciosa carga foi atingido por terrível tempestade, que ameaçava submergi-lo. Os tripulantes, sem saber da presença do quadro, recorreram a Virgem Maria. Logo a tormenta amainou, permitindo que a embarcação ancorasse, sendo salva num porto italiano. Algum tempo depois o ladrão faleceu e a Santíssima Virgem apareceu a uma menina, filha da mulher que guardava a pintura em sua casa, avisando que a imagem de Santa Maria do Perpétuo Socorro deveria ser colocada numa igreja.
O milagroso quadro foi então solenemente entronizado na capela de São Mateus, em Roma, no ano de 1499, e aí permaneceu recebendo a homenagem dos fiéis durante três séculos, até que o templo foi criminosamente destruído. Os religiosos se dispersaram e a santa caiu no esquecimento. Finalmente em 1866 a milagrosa efígie foi conduzida triunfalmente ao seu atual santuário por ordem do Santo Padre, que recomendou aos filhos de Santo Afonso de Ligório: - "Fazei que todo o mundo conheça o Perpétuo Socorro".

ORAÇÃO - Ó Senhora do Perpétuo Socorro, mostrai-nos que sois verdadeiramente nossa Mãe obtendo-me o seguinte benefício: (faz-se o pedido) e a graça de usar dela para a glória de Deus e a salvação de minha alma.
Ó glorioso Santo Afonso, que por vossa confiança na bem-aventurada Virgem conseguistes tantos favores e tão perfeitamente provastes, em vossos admiráveis escritos, que todas as graças nos vêm de Deus pela intercessão de Maria, alcançai-me a mais terna confiança para com nossa Mãe do Perpétuo Socorro e rogai-lhe, com instância, me conceda o favor que reclamo de seu poder e bondade maternal.
Eterno Pai, em nome de Jesus e pela intercessão de nossa Mãe do Perpétuo Socorro e de Santo Afonso, peço-vos me atendais para vossa glória e bem da minha alma. Amém.
Nossa Senhora do Perpétuo Socorro,
rogai por nós.
(Rezar, durante nove dias, nove Ave-Marias e, no final, a oração acima.)
(Fonte: Com Amor)
Kaquinda Dias

terça-feira, 17 de janeiro de 2012


A VIDA DE FAMÍLIA - Crises
Ao celebrarmos a Festa da Sagrada família, fico com muita preocupação em relação ao costume que se está criando em muitas famílias da nossa sociedade atual. Refiro-me às estratégias que se adotam para se lidar com as crises típicas do matrimónio. Parece que alguns casais diante de certas situações não se lembram mais que até o matrimónio mais feliz está sujeito a crises, que precisam ser vistas como um fenômeno de crescimento do amor conjugal e não como razão para a separação. Um matrimónio cujos cônjuges jamais discordam até pode ser preocupante. Será que eles são iguais em tudo ou uma das partes está se sobrepondo à outra, e que a outra por sua vez não se revela ao outro com sinceridade? Penso que dependendo de como será vivida, cada crise, mesmo a mais penosa, pode levar ao aprofundamento do amor, à renovação da convivência entre os esposos e ao fortalecimento cada vez maior do matrimónio.
Por livre vontade
Antes de tudo, talvez seja preciso compreendermos que o matrimónio não é “questão de sorte”, como alguns costumam dizer. Ele é fruto de uma escolha livre que cada um fez. É verdade que há esposos que se escolheram apressadamente e por razões pouco consistentes, mas nunca podemos esquecer que, através do Sacramento do Matrimónio, Deus concede aos esposos uma graça que ratifica esta escolha e “aumenta” a semente da afeição que um dia tiveram um pelo outro. Esta semente, que os moveu a subir ao altar, pode, pela graça de Deus, desabrochar e crescer como uma grande árvore cheia de frutos e frondosos galhos, capazes de fazer sombra e “abrigar toda espécie de pássaros” (Mt 13,32).
Esta livre escolha não é uma “cruz” para se carregar pela vida como um “fardo”. A cruz do matrimónio vem de fora, do ambiente. O companheiro, esposo ou esposa jamais deveria ser considerado como “minha cruz”. A cruz pode ter suas causas no comportamento do outro, mas não se identifica com ele. O outro é uma bênção, um presente de Deus na vida do cônjuge; o outro é um mistério, um desafio, o instrumento que se precisa para se chegar a Deus, que é “felicidade suprema”!
Por isso, nos momentos de crise de nada adiantam as agressões, as lamentações ou outras manifestações desagradáveis. Como também de nada adianta culpar a famosa “incompatibilidade de gênios”, pois não é fácil encontrarmos pessoas absolutamente iguais. Ao contrário de afastar, toda a diferença pode ser ajustada, ao ponto de nos fazer funcionar como rodas dentadas de uma máquina, cuja força consiste justamente em se ajustarem nos pontos desiguais. Se o casal se propuser a lutar e conseguir isto, viverá um amor vitorioso sobre qualquer espécie de dificuldade e crise e suas consequências, experimentará concretamente no matrimónio a vitória de Cristo, e a verdadeira paz será alcançada.
A novidade
Um longo matrimónio pode vir a atravessar muitas crises. Uma delas é a crise na adaptação física e/ou psicológica, que pode surgir no início do matrimónio e ser superada, entretanto pode ser camuflada durante anos, até que um dia expluda tragicamente. Cada um dos esposos traz para o matrimónio modelos às vezes muito fortes das relações entre os pais, de sonhos que por muito tempo alimentaram sua imaginação, mas que não correspondem à realidade. Pretender adaptar o outro a seus modelos ou ressentir-se com ele por isto é grande prova de imaturidade, e razão suficiente para orar sobre si mesmo ministrando a Palavra de Deus que diz: “Esta é, realmente, osso dos meus ossos e carne da minha carne!... (Gn 2,23). Por isso o homem deixa seu pai e sua mãe para ligar-se à sua mulher, e se tornam uma só carne (Mc 10,7)”. A tua realidade é esta, o teu matrimónio, a família que escolheste. Deixe que a “ficha caia”.
Por exemplo, as crises financeiras, pelas quais passam os cônjuges, podem afetar seriamente a relação conjugal, se estes não buscarem em Deus a graça para resistir às suas consequências, e conservar a unidade. Neste momento, podem surgir acusações, sentimentos de inferioridade ou superioridade, e a falta do dinheiro pode se tornar o “bode expiatório” de ressentimentos antigos ou da preguiça de dialogar.
Às vezes pensamos que a infidelidade começa quando um dos parceiros se entrega a uma “paixão”, mas ela pode começar bem antes, no coração, quando se começa a se fechar-se em si mesmo, analisando os erros um do outro e desnudando-o diante de terceiros. De nada adianta tal atitude que, além de “envenenar” o relacionamento, pode colocar a pessoa na mão de falsos conselheiros, que infelizmente se alimentam e até se alegram em aumentar a divisão entre os dois.
É claro que existem também aqueles que têm boa vontade em ajudar, mas não conseguem ver que neste tipo de confidências apenas um dos dois teve o direito de falar e na maioria das vezes trará somente suas “razões”, pois não consegue ver as do outro. Ocorre-me um trecho do Evangelho que nesse momento se encaixa com perfeição para prevenir os arranhões diários que podem minar o amor dos esposos: “Por que reparas o cisco que há no olho do irmão, e não vês a trave que está no teu?” (Mt 7,3). Hoje a grande maioria dos profissionais em aconselhamento orientam à sondagem do interior – “em tudo tenha sempre dúvidas sobre as tuas certezas. Perante as razões alheias, ponha sempre em causa as tuas próprias convicções”. Por isso a solução definitiva deveria ser sempre fruto do diálogo entre os dois. Estes deveriam sempre remeter-se às verdadeiras motivações que os levaram à constituição dessa família.
Outra crise bem séria é a do envelhecimento das relações, a famosa “perda da novidade”, que pode acabar em infidelidade. Esquecidos de que todo ser humano será sempre um mistério e uma novidade, um ou ambos podem projetar seu próprio tédio interior no rosto do outro, e achar que vão reencontrar a alegria numa outra companhia. Não raro, depois de algum tempo o cônjuge que buscou uma nova aventura acabará se encontrando com seu próprio cansaço, e queira Deus que ainda haja como retornar, pois já terá envolvido muitos outros na sua decisão precipitada.
Valor da fidelidade
O que leva um casal, que foi capaz de enfrentar tantos desafios juntos, a desistir num momento que deveria ser o mais feliz e tranquilo de sua relação? Este, que seria o período da colheita, o tempo mais rico e precioso da vida conjugal, transforma-se tantas vezes em motivo de descaso ou implicâncias mútuas. O medo do envelhecimento, da morte corporal também pode gerar a falsa ilusão de que uma companhia mais jovem pode lhe trazer de volta os anos “perdidos” ou retardar um tempo tão precioso que é a terceira idade. Gostaria de colocar aqui o pensamento de uma mulher que viveu bem todas as fases da sua vida e certamente estava cheia de Deus quando o externou: “Acho que as diversas etapas de nossa vida temos que vivê-las alegremente na graça do Senhor. A velhice bem vivida é uma fonte de paz, já que temos passado a época de maiores trabalhos, restando-nos aguardar a vinda do Senhor para gozá-lo eternamente”.
Contudo, o trágico disso é que, seja qual for o motivo da crise, tem ficado cada vez mais frequente a idéia de que o divórcio é a única solução para o problema, de modo que cada um possa “ir para o seu lado” (o que eu chamo de ‘chutá-lo para fora da casa’) como quem desfaz um acordo de negócios.
É claro que quando a violência física, psicológica ou moral torna um dos cônjuges um perigo para a saúde do outro e dos filhos, a separação pode ser um meio de preservá-los, mas nunca podemos esquecer que ela é incapaz de gerar a quebra do vínculo matrimonial, pois o divórcio civil de nada adianta no plano religioso. Como também ela não cura as causas da crise. Portanto se alguém está errado (mesmo separando) ele continuará no mesmo erro e (com separação) pode piorar ainda mais. Espiritualmente, ainda são responsáveis um pelo outro até o dia da sua morte. E mesmo que o outro já não esteja disposto a uma reconciliação, será sempre digno do seu perdão, do seu respeito, das suas orações, porque Jesus mereceu isto por ele na Cruz.
Por isso, ao invés de desistir no meio da luta, vale a pena perseverar até o fim, ou, se por acaso ocorreu a separação, orar e esperar com paciência, pois ainda pode ser que um dia Deus lhes conceda a graça de “casar pela segunda vez” com a mesma pessoa, o que será um gesto humano extraordinário. Este segundo casamento, obviamente não consiste nem requer repetição do rito matrimonial, nem o relacionamento do casal será repetitivo (como se faz com o casamento civil), porque um homem e uma mulher renovados estão ali, ainda mais lúcidos do que antes, dispostos a retomar sua unidade. Mas seu “novo casamento” se beneficiará da experiência adquirida antes para que o amor seja retomado onde houve a ruptura.
O sacramento do Matrimónio traz consigo o remédio certo para este amor que deve crescer sempre: A oração e a Eucaristia, que trazem o Cristo vivo para dentro deles, renovando estas graças e multiplicando-as dia após dia. Que Jesus, nossa paz, renove ainda hoje em sua casa o amor familiar onde este necessitar ser renovado.
Que a Sagrada família proteja os casais de nossas comunidades.
Kaquinda Dias